Como eu descobri tanta coisa ou o que toda mulher deveria saber sobre parto

Querida gestante,     

juntamos aqui algumas informações que consideramos importantes sobre o parto e que só encontramos depois de muita pesquisa. Como nada disso é óbvio ou intuitivo, gostaríamos de repassá-las ao maior número possível de pessoas, para que cada vez mais mulheres possam ter no parto um momento lindo, mágico, encantador, ao contrário do show de horrores que normalmente se imagina quando se pensa a respeito.

Interessada? Se sim, continue lendo.


Você já viu como a mulher e o recém-nascido são normalmente tratados no parto? Se não, já que uma imagem vale mais que mil palavras, segue o link
: http://www.youtube.com/watch?v=wUmL9V2z_aA


A primeira vez em que vimos isso, ficamos horrorizadas. Mas daí, como tantas outras pessoas, pensamos que não tinha outro jeito, que isso era necessário, que tinha que ser assim... tanto é que essa é a norma, é o que você costuma encontrar nos vídeos de parto na internet, feitos por pais que não estavam denunciando nada, só estavam filmando aquilo que achavam absolutamente normal. Só que, daí, depois de muitas pesquisas, descobrimos que não. Que parir (e nascer) poderia ser assim:

http://www.youtube.com/watch?v=o1qUIs_msbk

Ou até mesmo assim

http://www.youtube.com/watch?v=qiof5vYkPws

Sabendo que o seu filho pode ser tratado com tanto amor e carinho, que ele pode nascer, vir direto para os seus braços e só sair daí quando você ou ele quiserem... como, em sã consciência, escolher que ele seja tratado da forma padrão?

Quando se fala em humanização do parto, não se trata de parto em casa, de parto sem anestesia, de parto assim ou assado. Trata-se, sim, de um parto onde a gestante e a criança recebem um tratamento humano, digno, respeitoso.


E será que isso é tão raro? Porque parir de forma humana toma tempo – de leito, de quarto, de médico... – e, na nossa cultura, tempo é dinheiro. Dinheiro que os planos de saúde e a saúde pública não estão dispostos a pagar. E muitos médicos, por não receberem o que merecem, passam a sentir-se no direito de repassar aos seus pacientes esse descaso.

Para apressar o parto, foram inventados procedimentos invasivos, perigosos e dolorosos como a episiotomia (o corte da vagina), a indução com ocitocina (o sorinho), a manobra kristeller (subir na barriga da mulher), e a amniotomia (rompimento artificial da bolsa).
Alguns deles podem de fato ser indicados em alguns RAROS casos, mas é muito comum que eles sejam realizados indiscriminadamente, como rotina, mesmo quando não é preciso. Muitas mulheres têm trauma ou terror de parto normal, ou exibem sequelas físicas (a tão temida incontinência, por exemplo) por conta desse tipo de coisa. Sem entender que o problema foi o tratamento que ela recebeu, a mulher parte do princípio de que o parto em si é algo horrível.

Além disso, deixar uma mulher livre para se movimentar, andar, fazer o que bem entender enquanto está em trabalho de parto, para parir na posição que quiser, não é prático para o hospital. Muito mais fácil lidar com todas aquelas “gravidinhas” deitadinhas, sofrendo em silêncio em suas caminhas, não é? E assim o que é mais prático para o hospital acaba se sobrepondo ao bem-estar da mulher naquele momento que é sem dúvida um dos mais importantes da sua vida. Nada mais desumano. Você só vai parir essa criança uma única vez. É um evento especial e ímpar no mínimo para você e para ela. Pergunto: alguém trataria assim uma noiva no dia de seu casamento? Alguém trataria assim um formando no dia de sua formatura? E olha que nesse tipo de ocasião, ao contrário do parto, a pessoa pelo menos estaria plenamente capaz de se defender sozinha.

Agredir, intimidar, embaraçar, constranger uma mulher que está em trabalho de parto ou parindo não é só uma falta de respeito sem tamanho. É violência contra a mulher. É violência contra a criança. É achar que “faz parte”. Muito como há algum tempo atrás era comum que se acreditasse que a mulher tinha que aguentar apanhar do marido quando “não se comportava”. Ou que bebezinhos não sentiam nada, mesmo quando se faziam cirurgias de peito aberto sem anestesia.

Quando o parto não é humanizado, o bebê é brutalmente recebido já ao sair da barriga (seja por onde for). Manejado como uma boneca de pano, ninguém espera que seu cordão pare de pulsar, e cortam-no logo que possível. Ele é levantado e mostrado para a mãe – de longe – como um pedaço de carne no açougue e levado para a mesa de tortura, onde, sob uma luz cegante, ele será, sem mais cerimônias, e muito desnecessariamente, esfregado com fervor, aspirado com sondas enfiadas em seus orifícios (de cima e de baixo), medido, pesado e ainda agredido com um colírio fortíssimo, que arde (e que só seria necessário se a mãe tivesse gonorreia e ele tivesse nascido de parto normal).

Ninguém faz caso de seus berros desesperados. Ninguém se abala com seu terror. É como se, por ele não ser capaz de fazer qualquer outra coisa além de mover levemente a cabeça e balançar os braços e pernas – e, claro, chorar – seu sofrimento e medo não fossem reais. E não só são reais como são absolutos. Afinal, um recém-nascido não sabe de nada do que lhe acontece, não entende nada do que lhe é dito. Só o que ele entende é que ele saiu pronto para buscar o calor e o amor de sua mãe e, ao invés disso, encontrou violência e agressão.

Mamar? Mamãe? Só depois. Primeiro o berçário de última geração, as fórmulas artificiais na mamadeira, a água com açúcar. A mãe só vê seu filho depois da visita do pediatra plantonista, que pode levar até 6 horas.

É bom esclarecer que o problema não é a cesariana. A cesariana pode salvar muitas vidas, quando necessária. Só que, se ela não é necessária, ela arrisca a vida da mãe e de seu filho três vezes mais. Fora todos os outros riscos aumentados, de depressão pós-parto, de dificuldades ao amamentar, de sequelas físicas. Se você, sabendo de tudo isso ainda prefere a cesariana, o corpo é seu, o filho é seu. A escolha é sua.

O horror é você ser levada a fazer uma cesariana sem saber dos riscos, ou sem saber que não precisava dela. É ser pressionada a aceitar a cirurgia quando na verdade não a queria. E depois, não raro, ainda por cima tem que escutar que a escolha foi sua, quando na verdade não foi. Porque quando alguém te diz que se você não fizer a cesárea “o seu filho pode morrer”, não existe escolha real. Você faz o que qualquer mãe faria, você salva a vida do seu filho... sem saber que ela nunca esteve em perigo.

Por exemplo:

- cordão enrolado no pescoço do bebê não vai asfixia-lo. O bebê respira pelo cordão, pelo umbigo: a mãe respira e o oxigênio vai para o bebê. Todo bebê se enrola e desenrola no cordão e é comum que eles nasçam com o cordão em torno do pescoço, por vezes muitas voltas, aliás. A pessoa que está junto, médico ou parteira, vai e tira como se fosse um cachecolzinho. Se estiver apertado demais, é só fazer uma manobra para desenrolar.

- não tem nada demais em passar de 40 semanas de gestação. As 40 semanas são uma média. Cada bebê tem o seu tempo e é comum que as marinheiras de primeira viagem passem inclusive de 41 semanas. E mais: não há como saber quando o bebê foi concebido e por isso é muito arriscado tirar o bebê antes de ele nascer sozinho. Ele pode (e isso é muito comum) ter menos tempo de forno do que todo mundo pensava.

- se o seu bebê está sentado com 38 semanas de gestação, existem vários modos de tentar fazer o bebê virar. E mesmo que nada dê certo e ele permaneça sentado, é possível ainda que ele vire durante o trabalho de parto, motivo pelo qual pode-se esperar a máxima dilatação e só então – se a mulher e o médico não quiserem arcar com os riscos de tentar parir o bebê sentado mesmo – fazer a cirurgia.

- bebês com mais de 3,5kg não vão te arregaçar (não, não vão te arregaçar. Aliás, parto normal não arregaça ninguém; tudo volta ao normal dentro de alguns meses), não vão quebrar sua bacia, não vão quebrar os ombrinhos nem as costelas. Apenas nascerão grandes. Sim, é possível que ele seja grande demais para passar pela bacia da mãe. Mas isso é algo que só dá para saber durante o trabalho de parto, nunca antes, nunca por um simples ultra-som.

- quando a bolsa rompe e o trabalho de parto não começa, você pode induzir o parto com ocitocina ou monitorar diariamente com cardiotocografia e ultrassonografia e tomar muita água para repor o líquido que vai escapando. Um lindo relato disso é o da Joana Imparato, que ficou 7 dias com a bolsa rota:
http://joanaimparato.blogspot.com.br/p/relato-de-parto_21.html


- falta de dilatação não existe. Só existe falta de paciência. Cada mulher evolui no seu tempo; tem mulheres que dilatam tudo em 2 horas, tem outras que levam dias. Assim como há mulheres que não sentem dor nenhuma no trabalho de parto e há mulheres que não o suportam sem anestesia. Cada corpo é um corpo.

- se o seu exame de Streptococus deu positivo, é só tomar um antibiótico durante o trabalho de parto.

- se os batimentos do coraçãozinho do seu bebê caem durantes as contrações, não tem nada errado. É quando os batimentos caem nos intervalos, fora das contrações, e continuam até que a próxima chegue, que isso indica o tal sofrimento fetal. Este fato se chama Desaceleração Intra-Parto.

Esses são alguns dos argumentos utilizados para coagir mulheres a aceitarem cirurgias desnecessárias. Desde pequenas, somos levadas a crer que parir é perigosíssimo, que nossos corpos não estão preparados para isso. Sim, há casos em que precisamos de ajuda (no máximo 15% dos casos, aliás). Mas a regra é a vida (claro, ou não estaríamos aqui). É possível parir até mesmo sozinha. Isso não é ideal, nem desejável, mas é possível. É algo fisiológico, natural do nosso corpo.


O parto é seu!

As outras pessoas estão lá só para ajudar, para apoiar, SE NECESSÁRIO. Não permita que te roubem essa maravilhosa experiência!

Boa sorte e boa hora!


Grupo Materna PH

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